Dói assim?

Mãozinha mais encardida de tinta preta essa que me estenderam! Descartável: vai virar papel de embrulhar peixe amanhã. Geni: criticada e apedrejada, como toda a imprensa, hoje e sempre. Como todo jornal e toda idéia.
"Apenas a sociedade mobilizada pode mudar esse roteiro." (Folha de S. Paulo - Editorial - 20 de dezembro de 2006)
Foi velha Fôia de S. Paulo quem me estendeu a mão. Me deixou menos sozinha em minhas caraminholas brasilianas, essa féla da p... Não esperava escutar esse sussuro baixinho logo cedo: "vai...acredita..."
Crença. Um istmo que ainda pulsa na sobrevida do pobre e, hoje, na voz de muita gente simples, dos busões da vida. A porra do istmo que faz a gente viver sambando.
"É, nóis tem que fazê alguma coisa, senhora, não vai cair do céu não" (De cobrador para passageira, linha Itaim-Diadema, 20 de dezembro de 2006)
A frase que faz, de tantos sonhadores, sambistas solitários, ganhou um certo ecoar.
Quem sabe ela não contém a faísca de um recomeço ou retentativa?
Quem sabe a vida ainda é, sim, sonhar e sambar?
Quem sabe o lutar de coração ainda é uma fantasia de carnaval que a qualquer hora pode voltar à avenida? Ou que nunca saiu: só estava esquecida no fundo do guarda-roupa existencial mofado em que nos prendemos.
Ou será que o sentido de ser brasileiro ganhou um jeito novo de ser vestido?
Ontem: ideais, grandes heróis, armas, guerrilhas. Hoje: consciência despertando, heróis anônimos, muitos deles, muita gente, sofrimento e glória alterando momentos, comunidade e individualidade tentando andar juntos, ganando complementariedade. E faíscas de mobilização.
Quem sabe...
"...faz a hora, não espera acontecer."
Quero agir. Me mover. É o único jeito de aliviar um pouco essa dor gigante de ainda acreditar. Dói assim em você também?
0 Comments:
Post a Comment
<< Home