Monday, December 04, 2006

Hoje eu vi um drogadito



Tudo bem, tudo bem. Eu sei que você é uma pessoa correta, ética, acima de qualquer suspeita. Executa suas tarefas com esmero, é limpinho e asseado, tem "responsabilidade social", "gosta das pessoasss", paga seus impostos em dia e etc. Mas, me engana, vai, que tu não larga um besteirol de vez em quando? E do tipo mais besta ou mais politicamente incorreto, ahn, ahn?

Pois saia do armário, meu amigo ou minha amiga! Deixe esse seu lado Banana Joe fluir. Ou o seu lado Woody Allen, se você for um cara mais sofisticado. Sinta a diferença entre o pesado ar anterior à piadinha e a leveza posterior às risadas. Vou te contar uma coisa... Eu era igual a você: sisudo, sério, denso. Ok, continuo um pouco densa de vez em quando, vide alguns posts lá embaixo. Digamos que apenas aperfeiçoei um titico minha visão do feminismo, do capitalismo - enfim, de todos esses "ismos" bem leves. Mas me libertei de uma vida monobloco. E isso, graças às influências humorísticas que tive na vida. Tudo começou em 1996....música de túnel do tempo

Parênteses: Pular para o ano de 1996 é só para resumir esse texto. Minhas influências datam talvez desde os cinco ou seis anos de idade, quando meu avô punha a gurizada pra ouvir o antigo programa humorístico "Turma da Maré Mansa" no radinho de pilha. Boas noites oitentistas à luz do luar do interior...Ou quando, na mesa do jantar, imitávamos Dom Lázaro Venturini, personagem do Lima Duarte da novela "Meu bem, meu mal", dizendo com a boca torta: "Eu prefiro melão".

Voltando ao ano de 1996. Primeiro ano na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Classe do 2º Jornalismo D. Fundão. Foi lá que, entre uma aula de Filosofia e de Jornalismo Econômico, tentei meus primeiros efeitos sonoros (calma, continuo limpinha e asseada). Um exemplo: era só um amiguinho começar a flertar com uma amiguinha, e pronto: eu puxava o coro da música tema do filme Love Story, em forma de "tchuru-ru-ru-ru" e o povo caia na gargalhada.

Entre outras trilhas sonoras executadas em plena multidão, pratical jokes, expressões e imitações, esta é uma bobeira que até hoje "executo" em situações diversas, incluindo trabalho - para alegria ou tristeza dos meus colegas.

Mas a vida continuou e, com ela, meu repertório cresceu. Eu tinha um amigo, quero dizer, ainda tenho, um dos melhores, chamado Giodelcson. Com este nome você não poderia esperar outra coisa. O cara é uma figura. Punk do Jardim Ângela, é fã de carteirinha do Odair José, e curte tudo o que de mais underground e brega existe na nossa cultura. Foi Gio, hoje repórter da madrugada do Diário de São Paulo, quem me apresentou às músicas de Falcão, o maior filósofo brasileiro. E se até hoje me pego proferindo frases como "a burguesia fede, mas tem dinheiro pra comprar perfume", a culpa é de ambos.

Nessa caminhada pelo dever do besteirol, conheci outras pessoas muito interessantes. Uma delas aperfeiçoou seu rol graças a tanta convivência conjunta: meu irmão Luciano, com quem compartilho singelas piadinhas sem o menor sentido. Desde os tempos de férias escolares de pé no chão no sítio dos avôs, temos quase que um código babaco-secreto entre irmãos. Vai misturar Monthy Python com Maré Mansa, dá nisso.

No alto dos meus 28 anos, continou nessa vida de mandar emails ou torpedos para ele sem nenhum texto, apenas com frases nonsense como: "Hoje eu vi um nenê num repolho". Às quais ele me responde com criativos: "Hoje eu vi um drogadito" Fazer o quê? São essas vozes dentro da minha cabeça..

Esqueço de alguém? Ah, sim, esqueço de Larissa, amiga baiana com quem troco alguns "Blá". O Blá, e suas variantes Blé e Bli, são cumprimentos alienígenas cuja tradução mais aproximada é "oi, tudo bem, eu estou bem, espero que também estejas". Com Lari troco também textos inspirados do Zé Simão e impressões sobre as melhores piadinhas do último Casseta e Planeta - nas raras vezes que consigo assistir. Graças a esse intercâmbio, hoje nós duas somos sócias da campanha "Não solte pum no elevador".

Juntam-se a eles todos os amigos Andréa e Dézão, sonoplastas disfarçados de comunicólogos, Taís e seu "Momento Doutores da Alegria" (pó-pó-pó-pó-pó-pó...) e Juliana, mana de fé, com quem levo papos inspirados sobre coisas sem a menor relevância para o desenvolvimento sustentável da humanidade. Como a criação da "The Feno´s Hair Power Secret Society", sociedade secreta de pessoas que têm os cabelos em forma de rolos de feno e que, tal e qual... rolos de feno, rolam (literalmente) em contato com o ventanias. Um dia faremos um post conjunto a respeito, não é, Jubs? The power of losers will lead us forever.

A saga termina aqui. Espero que entenda o sentido profundo dessas palavras e não desista de ser meu amigo depois disso. No fundo, no fundo, eu sou normal. Só queria que você também soltasse a franga de nariz de palhaço que existe no seu "eu" interior. Só toma o cuidado pra não fazer isso na frente das crianças, tá bom?

3 Comments:

Blogger Juliana said...

É issaê Fê, the loosers will live forever! Ainda vamos publicar um livro disso, tô falando!! Com abertura do manifesto que originará a multinacional, multicultural e multipresente "The Feno´s Hair Power Secret Society"! E trilha sonora de "Os The Beatles"!
Bjos ao som do melhor som de corneta!!
Juba

12:36 PM  
Blogger menina said...

Putz, Ju, e isso porque esqueci de contar a história da ovelha que tocava maracas! Hahaha! Lembra? Rende outro post, né não?

7:22 AM  
Blogger Mônica said...

Fê. Este post (li quando você publicou e só hoje venho comentar) foi um dos melhores. Você não sabe as coisas que me fez lembrar e resgatar nesta memória meio empoeirada. Eu também tinha um "código babaco-secreto" com meus irmãos. Fantástico!!!
Obrigada por tanta inspiração. Beijão!

3:06 AM  

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